30 de abril de 2011

SANTA RITA DE CÁSSIA


SANTA RITA: UM RAMO QUE PRODUZIU FRUTOS

Pe. Eduardo Rodrigues



            Mês de Maio é festa em nossa Paróquia. O motivo? A celebração da memória de Santa Rita de Cássia, nascida há 630 anos atrás, em 1381, na vilazinha de Roccaporena, da Província de Cássia, na Itália. Morrendo aos 76 anos, no dia 22 de Maio de 1457, Santa Rita é conhecida pelo povo como a Santa dos casos impossíveis, a Santa das rosas e do espinho. Mulher que, apesar de tantos problemas e dificuldades da vida, não se deixou abater. Mulher de fé, seguidora de Jesus Cristo, exemplo de amor a Deus e ao próximo.
            Neste tempo, nosso Santuário se torna pequeno no tamanho e imenso no coração para acolher os santarritenses e milhares de romeiros. Dentro da Igreja, entre os quadros que retratam a vida de Santa Rita, um é de extraordinária beleza espiritual: aquele em que se vê Santa Rita irrigando um galho seco.
Após a morte do marido e dos filhos, Santa Rita entrou para o convento. Nessa ocasião, pediram que ela regasse um ramo seco, sem vida, em sinal de obediência. Com humildade e perseverança, Santa Rita realizou o que lhe fora pedido. Depois de um tempo, o madeiro seco brotou. Era uma parreira que passou a produzir frutos. 
Esse quadro nos faz lembrar do que Jesus diz no Evangelho de São João: “Eu sou a videira, meu Pai é o agricultor e vós sois os ramos. Permanecei em meu amor, para produzirdes fruto. Pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,1-11).
Muitas situações da vida são como um madeiro seco, morto e sem esperança. Diante do mundo tão seco como o nosso, o que fazer? Desesperar? Cruzar os braços? Queimar tudo? A quem recorrer? Santa Rita sabia que “para Deus nada é impossível” (Lc 1,37; Mt 19,26). Sua vida frutificou quando as securas foram irrigadas. A fé nos faz irrigar a vida com a Palavra de Deus, a fonte de água viva. O que era morto passa a viver, a secura se transforma em jardim, uma vida nova brota com força e os frutos aparecem.
Seguindo o exemplo de Santa Rita, sejamos fiéis na missão de irrigar a terra, unidos a Cristo para produzirmos fruto. Confiantes e sem medo, coloquemos mãos à obra, certos de que “os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria, chorando de tristeza sairão espalhando suas sementes, cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes” (Sl 125,5-6).

FORMAÇÃO LITÚRGICA


EVANGELHO: JESUS SE COMUNICA

Pe. Rodrigo Carneiro Paiva Mendes


             Na Missa, após uma aclamação, é proclamado o Evangelho, que significa: Boa Nova, Boa Mensagem, Mensagem de Salvação. Escutamos as leituras sentados, na posição de escuta, de atenção e de assimilação, o Evangelho se ouve de pé. Posição de prontidão, do soldado que vigia as portas da casa ou da cidade. Estamos prontos para ouvir a mensagem maior da fé, levando-a ao mundo inteiro. “ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas” (Mc 16,15). Estamos prontos para viver esta mensagem de Jesus e dar a vida por ele, como fizeram muitos até hoje?
            Ouvimos de pé, na posição de respeito e delicadeza, como nos levantamos diante de uma pessoa respeitável pela idade, pela dignidade, pela amizade. A proclamação do Evangelho merece atenção e acolhida. É um presente em palavra e vida que Jesus nos deixou. O livro dos Evangelhos fechado é papel e tinta, mas proclamado em comunidade é Palavra de vida eterna, porque vem de Deus.
            “O Senhor esteja convosco! Ele está no meio de nós!” Resposta maravilhosa que faz a comunidade consciente daquele em nome do qual ela esta reunida, de quem ela vai ouvir a Palavra, com quem ela se compromete a escutá-la. É o Senhor Jesus Cristo Ressuscitado que esta no centro da celebração e em torno dos que se reúnem movidos pela fé. “Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, indicando o nome do Evangelista. “Glória a vós Senhor!”Reconhecemos externamente a grandeza de Cristo. A sua santidade manifesta-se nas Palavras que vamos ouvir. Esperemos ansiosos por ela e por isso proclamamos a glória de quem as proferiu.
            O Evangelho é Palavra de Salvação, pois como a Samaritana a beira do poço, somos convidados a reconhecer enquanto cristãos: “não é somente por causa de teus dizeres que nós cremos; nós mesmos o ouvimos e sabemos que ele é verdadeiramente o Salvador do mundo”(Jo 4,42). Assim no final da proclamação do Evangelho, dizemos que nós cremos porque ouvimos e sabemos da beleza das suas palavras e não somente porque o ministro anunciou. Segue-se o beijo do livro dos Evangelhos pelo ministro, gesto de amor e intimidade para com as palavras do Salvador.
            Enfim é preciso cada vez mais aprofundar nosso interesse pelo conhecimento da Palavra de Deus, saindo de um fundamentalismo fechado, pois cada trecho do Evangelho carrega uma mensagem a ser interpretada e atualizada pela comunidade.

FORMAÇÃO BÍBLICA


POR QUE OS CRISTÃOS GUARDAM O DOMINGO
 SE A BÍBLIA FALA TANTO NO SÁBADO?
Pe. Eduardo Rodrigues


 
            Realmente, o Antigo Testamento mostra o Sábado como um dia especial. Diz o livro do Gênesis que Deus fez o mundo em seis dias e no sétimo descansou (Gn 2,2). E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou (Gn 2,3). O Sábado faz parte dos mandamentos de Deus ao seu povo (Ex 20,8-11; Dt 5,15). Mas com que sentido? Mais do que impor, o mandamento indica algo que deve sempre ser lembrado: um tempo de oração e santificação que ajuda o homem a lembrar que tudo é de Deus, que tudo foi criado por ele, todos os dias e todos os momentos da vida. Deus é Senhor do tempo e da história. O Sábado, no Antigo Testamento, é dia da celebração das maravilhas realizadas por Deus.
Mas por que os cristãos guardam o dia de Domingo? Primeiro é preciso lembrar que a Bíblia não é formada só pelo Antigo, mas também pelo Novo Testamento. Tem gente que só lê a primeira parte. Sem legalismo, os cristãos cumprem o terceiro mandamento, guardando o dia de Domingo por um motivo muito especial: porque o Domingo é o dia da ressurreição de Jesus, o primeiro dia da semana (Jo 20,1-10; Lc 24), dia da nova criação, da vitória sobre o pecado e morte. Jesus se colocou acima do Sábado (Lc 6,5) e, na tarde do Domingo da ressurreição, apareceu aos discípulos, dando a eles sua paz e o Espírito Santo (Jo 20,19-23).
            Como judeu, Jesus ia à sinagoga no dia de Sábado (Lc 4,16.31). Mas diversas vezes, Jesus discutiu com os fariseus a respeito do sábado, dizendo que o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado (Mc 2,23-28; Lc 6,1-5)). Em nome de uma interpretação fundamentalista e legalista da Bíblia, Jesus também foi acusado de não guardar o Sábado por aqueles que davam mais valor ao “pé da letra” do que ao seu verdadeiro sentido: o amor a Deus e ao próximo (Mc 3,1-6; Lc 6,6-11; 14,1-6).
Desde o início, os cristãos passaram a guardar o Domingo. No latim, Domingo se escreve Dominicus que significa “do Senhor”. São Paulo lembra que ninguém pode condenar os cristãos por não seguirem à risca os preceitos do Antigo Testamento, como o do dia de Sábado, porque estes preceitos eram apenas sombra das coisas que viriam com Cristo (1Cl 2,16). Assim como o Sábado no Antigo Testamento, o Domingo passou a ser, para os cristãos, um dia consagrado a Deus, dia de encontro e partilha (1Cor 16,2), o dia do Senhor (Ap 1,10), da ressurreição, da Missa, um dia de louvor e de restabelecimento das forças para recomeçar a vida com Cristo.
Como Jesus ensinou, é preciso perceber o sentido da Palavra de Deus para que ninguém se torne escravo de fundamentalismos religiosos que dividem e acusam as pessoas de infiéis. A fidelidade a Deus se mede pelo amor. Como os fariseus, quem acusa os irmãos de não seguir a Bíblia ao “pé da letra” não entendeu o sentido dela. E é este que se torna infiel. A vida cristã “vem de Deus, não pela letra da lei, mas pelo Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito vivifica” (1Cor 3,6).

BEATIFICAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II

“A BENÇÃO JOÃO DE DEUS, NOSSO POVO TE ABRAÇA!”
Pe. Rodrigo Carneiro Paiva Mendes


              Assim cantamos nas três vezes que o Papa João Paulo II esteve no Brasil. E agora ele é plenamente João de Deus, pois está em sua glória.
            No dia 2 de abril completaram seis anos de falecimento do Papa João Paulo II, que dirigiu a Igreja de Cristo de 1978 a 2005, e, no dia 1o de maio, dia da Divina Misericórdia, ele será beatificado. Certamente todos aqueles que viveram sob o seu pontificado de alguma forma foram tocados pelas suas palavras e seus gestos.     
            Suas primeiras palavras como papa resumem sua grande confiança em Deus, na Mãe de Cristo e, de modo particular na humanidade. Sua preocupação era com cada pessoa, e seu desejo mais profundo era “levar Cristo à humanidade e escancarar na humanidade as portas para Cristo”, pois Ele “é esperança da humanidade... é notícia nova que traz a alegria, que a Igreja cada dia anuncia e testemunha a todos os homens e mulheres”.
            João Paulo II é um homem do nosso tempo. Participou dos principais eventos e transformações do século XX. Aos 9 anos de idade ficou órfão de mãe, aos 12  morreu seu irmão mais velho e aos 21 ficou órfão de pai. Durante a Segunda Guerra Mundial trabalhou como britador em uma pedreira e depois em uma fábrica química. Em 1942 entrou para o Seminário de Cracóvia, ao mesmo tempo participou de teatro clandestino, com o objetivo de preservar a cultura polonesa durante a ocupação nazista. Chegou ao pontificado com uma rica experiência de vida, de cultura filosófica, teológica e literária, de cuidados pastorais e de virtudes humanas e cristãs. Gostava de esportes e deu provas de ser um hábil escalador de montanhas e um apto esquiador. Era um homem como cada um de nós.
            Homem que cultivou em sua vida uma intensa vida de oração, através da meditação da Palavra de Deus e pela devoção do Rosário, onde demonstrou ao mundo seu amor ao Deus da vida e sua devoção filial a Maria Santíssima.
            Irmã Marie Simon Pierre, religiosa francesa que se recuperou de forma inexplicável do Mal de Parkinson, é peça chave do processo de beatificação do Papa. “Deus, através das mãos de João Paulo II, me curou”, afirma a religiosa francesa, que foi curada da mesma doença que acometia o Papa em vida. Diante da beatificação de nosso querido Papa João Paulo II, nosso coração se alegra. Sua vida certamente marcou muitas outras vidas, pelas suas palavras e sobretudo pelos seus gestos. Nós que continuamos nossa peregrinação terrena, contamos com seu auxílio em Jesus Cristo e pedimos: “a benção João de Deus!”
            Mais informações na internet - http://noticias.cancaonova.com/joaopauloii/