30 de abril de 2011

FORMAÇÃO BÍBLICA


POR QUE OS CRISTÃOS GUARDAM O DOMINGO
 SE A BÍBLIA FALA TANTO NO SÁBADO?
Pe. Eduardo Rodrigues


 
            Realmente, o Antigo Testamento mostra o Sábado como um dia especial. Diz o livro do Gênesis que Deus fez o mundo em seis dias e no sétimo descansou (Gn 2,2). E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou (Gn 2,3). O Sábado faz parte dos mandamentos de Deus ao seu povo (Ex 20,8-11; Dt 5,15). Mas com que sentido? Mais do que impor, o mandamento indica algo que deve sempre ser lembrado: um tempo de oração e santificação que ajuda o homem a lembrar que tudo é de Deus, que tudo foi criado por ele, todos os dias e todos os momentos da vida. Deus é Senhor do tempo e da história. O Sábado, no Antigo Testamento, é dia da celebração das maravilhas realizadas por Deus.
Mas por que os cristãos guardam o dia de Domingo? Primeiro é preciso lembrar que a Bíblia não é formada só pelo Antigo, mas também pelo Novo Testamento. Tem gente que só lê a primeira parte. Sem legalismo, os cristãos cumprem o terceiro mandamento, guardando o dia de Domingo por um motivo muito especial: porque o Domingo é o dia da ressurreição de Jesus, o primeiro dia da semana (Jo 20,1-10; Lc 24), dia da nova criação, da vitória sobre o pecado e morte. Jesus se colocou acima do Sábado (Lc 6,5) e, na tarde do Domingo da ressurreição, apareceu aos discípulos, dando a eles sua paz e o Espírito Santo (Jo 20,19-23).
            Como judeu, Jesus ia à sinagoga no dia de Sábado (Lc 4,16.31). Mas diversas vezes, Jesus discutiu com os fariseus a respeito do sábado, dizendo que o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado (Mc 2,23-28; Lc 6,1-5)). Em nome de uma interpretação fundamentalista e legalista da Bíblia, Jesus também foi acusado de não guardar o Sábado por aqueles que davam mais valor ao “pé da letra” do que ao seu verdadeiro sentido: o amor a Deus e ao próximo (Mc 3,1-6; Lc 6,6-11; 14,1-6).
Desde o início, os cristãos passaram a guardar o Domingo. No latim, Domingo se escreve Dominicus que significa “do Senhor”. São Paulo lembra que ninguém pode condenar os cristãos por não seguirem à risca os preceitos do Antigo Testamento, como o do dia de Sábado, porque estes preceitos eram apenas sombra das coisas que viriam com Cristo (1Cl 2,16). Assim como o Sábado no Antigo Testamento, o Domingo passou a ser, para os cristãos, um dia consagrado a Deus, dia de encontro e partilha (1Cor 16,2), o dia do Senhor (Ap 1,10), da ressurreição, da Missa, um dia de louvor e de restabelecimento das forças para recomeçar a vida com Cristo.
Como Jesus ensinou, é preciso perceber o sentido da Palavra de Deus para que ninguém se torne escravo de fundamentalismos religiosos que dividem e acusam as pessoas de infiéis. A fidelidade a Deus se mede pelo amor. Como os fariseus, quem acusa os irmãos de não seguir a Bíblia ao “pé da letra” não entendeu o sentido dela. E é este que se torna infiel. A vida cristã “vem de Deus, não pela letra da lei, mas pelo Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito vivifica” (1Cor 3,6).

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